Pausas são indispensáveis para viver bem no caos, na vida como ela se desenrola atualmente. Esse foi meu maior aprendizado ao longo de 2023 e certamente em 2024 seguirei cuidando desse espaço necessário para manter a saúde em todas as suas dimensões na busca constante do equilíbrio e do bem-estar.

Assim inicio 2024. Mais saudável, mais centrada, mais disposta e otimista. Nutrida de boa energia. Daquela energia que, acredito, todas as pessoas precisam para viver com Sentido. A energia que a Humanidade precisa para dar conta de resolver tantos desafios grandiosos e complexos que o mundo nos apresenta.

Há alguns anos venho fazendo buscas internas convicta de que nada adianta atuar com uma agenda de Sustentabilidade, na sua real concepção e sentido, seja ela de gestão, de inovação, de criação, de estratégia, de soluções de problemas complexos, se não partirmos desse olhar para dentro e de dentro para fora. Sim, para dentro e de dentro. A frase de Mahtma Gandhi “seja a mudança que quer ver no mundo” ressoa em mim desde o início da minha trajetória em gestão de sustentabilidade. Vozes importantes contribuíram de forma significativa para que eu fosse percebendo, descobrindo e buscando fazer a gestão da sustentabilidade por onde passei, buscando inverter a lógica do “de fora para dentro” para a lógica do “de dentro para fora”. Parece confuso?

Sigo cada dia mais convencida de que não há outra forma de convivermos com tantos desafios que nos deixam ansiosos e apreensivos cotidianamente, guerra na Ucrânia, mais uma guerra no Oriente, conflitos na América do Sul, na Ásia e em tantos outros lugares que a mídia não noticia, sem cuidarmos do nosso Eu. Tais conflitos certamente surgem a partir de um Eu não integral, não cuidado, não conhecido de verdade por cada um de nós, por cada liderança que está diante de crises tão significativas como essas. Por isso, para mim, nenhuma organização ou indivíduo e profissional que trabalha com essa agenda conseguirá avançar de forma concreta e duradoura se não tiver o olhar para as seguintes perspectivas, nesta ordem: “Eu comigo, Eu com o outro, Eu com o mundo”. Sim, se não houver essa real e genuína intenção, acredito que as mudanças e transformações serão sempre insuficientes e no tempo insuficiente para darmos conta de solucionarmos tantos desafios que já fazem parte da nossa realidade e, também, de nos apropriarmos de tantas oportunidades disponíveis e abundantes.

Nos últimos anos tem sido comum falas trazendo palavras que chamam a atenção, como: exponencial, humanização, abundância, felicidade, sensibilidade dos sentidos, botes que se desacoplam de grandes estruturas para inovar, design thinking, metodologias ágeis, inovação, futuro, ESG, emergência climática, economia circular, inteligência artificial, desenvolvimento regenerativo, neutralização de carbono, serviços baseados na natureza, taxonomia, diversidade e inclusão e tantas, tantas outras, que vêm aumentando nosso repertório pessoal e profissional, mas que não necessariamente nos ajudam a trazer a atenção para o que realmente importa. E o que importa, alguém pode perguntar. A perspectiva do que é importante pode ser relativa, pessoal alguém pode afirmar. Será?

Tenho aprendido muito com alguns filósofos, cientistas, professores, executivos, mentores e pensadores que admiro muito, mas vou citar uma em especial que vem ensinando muito sobre o que é Ser e a busca que cada indivíduo precisaria fazer para que a vida, seja ela no plano individual ou organizacional, possa, de fato, fazer sentido para a mudança de um mundo onde há tanta injustiça, desigualdade e escassez induzida. Ela tem uma fala que me impacta muito todas as vezes que a ouço, mais ou menos assim: “de nada adianta nos preocuparmos com a extinção de espécies animais e da biodiversidade se não antes houver preocupação e cuidado da e com a espécie Humana, pois é dos Humanos comprometidos com o Ser neste mundo que as demais espécies precisam para se manter vivos”. De que adianta, então, tantas distrações com super tecnologias, projetos gigantescos, dinheiros alocados para finalidades específicas, como se fossem as respostas para a segurança e o bem da Humanidade e da Economia, se não houver um olhar pra dentro, pelo indivíduo, para o Ser e para Ser? A filósofa e Professora que vem me inspirando e me contagiando com seus ensinamentos e luz é a Professora, com P maiúsculo, #LúciaHelenaGalvao e se eu puder dar uma contribuição aos que me leem, sugiro conhecerem a tônica e a profundidade dos ensinamentos dela. Aprender sentindo, aprender escutando, “depurando” o Ser para apreender o real sentido da vida, assim acredito que se poderá compreender a máxima de Mahatma Gandhi citada anteriormente.

É tão relevante compreender a dimensão da experiência humana, que os índices de burn out no mundo têm sido alarmantes e com certeza esse problema passa pela necessidade de organizações e instituições mais conscientes de seus impactos no mundo e responsáveis sobre a gestão do capital Humano, de Seres Humanos em suas estruturas e pelos próprios indivíduos e lideranças que precisam despertar ou reconhecer a necessidade de um olhar mais atento para si mesmos. A recente pandemia e os acontecimentos dolorosos que experienciamos como Seres Humanos é a prova mais clara da necessidade de se criar espaços para transformação cultural e individual pautada no Ser a partir do Eu comigo, do Eu com o Outro e do Eu com o Mundo. Os impactos que estamos presenciando estão relacionados com essa ausência de sentido, de percepção clara de si, das relações com o outro e por consequência com o mundo.

“Seja a mudança que quer ver no mundo”. É disso que se trata o como fazer da Sustentabilidade uma realidade clara e concreta. É esse o passo necessário para que a geração do presente, possa estar preparada para os alarmantes desafios do futuro. “É esse o caminho para criar um mundo cada vez mais sustentável no presente e no futuro.”

Essa reflexão faz sentido pra você? Espero que sim.

De uma mera aprendiz que reconhece a limitação em si mesma e percebe a dimensão do universo que há em cada um de nós, porque eu a percebo em mim.

Feliz 2024! Feliz Futuro!